Existem algumas decisões que tomamos em nossas vidas que irão nortear todo o nosso futuro. São decisões vitais, fundamentais, que norteiam nossa personalidade e podem ser aplicadas em todas as situações da vida. São diferentes das decisões temporárias como por exemplo: que ônibus pegar, que horas acordar, com quem me relacionar, que profissão seguir e etc. Todas estas se aplicam a um determinado período de tempo, ou a uma esfera específica da vida. Decisões vitais são aquelas que moldam nosso caráter, nossa personalidade, nossa conduta frente às diversas solicitações as quais somos submetidos. Decidir ser honesto é um exemplo de decisão vital. É algo que direciona outras decisões, como por exemplo, decidir entre pagar uma multa ou subornar uma autoridade. Tomar decisões vitais corretas e permanecer fiéis a elas pode nos tornar um referencial no meio social em que vivemos. Grandes nomes do passado e do presente são reconhecidos por sua fidelidade às suas decisões vitais, mesmo quando a própria vida esteve em jogo.
A grande dificuldade que temos hoje em dia não é saber quais são as decisões vitais corretas que devemos tomar, mas sim conseguir permanecer fiéis a elas. Será que as diferentes solicitações as quais somos submetidos seriam capazes de alterar nossas decisões outrora tão fundamentalistas? O grande problema é que quando somos pressionados torna-se mais confortável, mais fácil, abrir mão de nossos ideais do que permanecer fiel e lutar por eles. Isto acontece quando nossa base não é sólida o suficiente, ou quando não acreditamos verdadeiramente naquilo que tomamos como verdade, naquilo que um dia acreditamos ser vital. Quando agimos de forma contrária a nossa decisão vital, nos tornamos vulneráveis, confusos, sem personalidade, perdemos nossa moral e não temos mais autoridade para seguir em frente. Agora, imagine se você conseguisse permanecer fiel. Você certamente seria reconhecido pela sua particularidade e pela sua firme personalidade. E se, além disso, esta fidelidade estivesse relacionada com Deus, sua vida certamente seria surpreendente.
Um grande exemplo que temos para mostrar as conseqüências da fidelidade a uma decisão vital foi Daniel. Ele vivia em meio a um povo do qual não fazia parte. Os judeus naquele período haviam perdido suas terras e viviam no meio de um outro povo, com costumes totalmente diferentes dos seus. Alguns tentavam manter seus costumes e suas práticas originais já outros acabavam se amoldando aos costumes daquele povo, às vezes até mesmo sem perceber. Começavam a achar tudo muito normal e perdiam sua identidade. Foi nesse cenário que Daniel tomou a mais importante decisão de sua vida. Uma decisão vital que o levou a receber revelações incríveis da parte de Deus e ser um referencial para o povo e para os reis daquele período.
A situação que Daniel vivia em muito se assemelha a nossa situação atual. O cenário vivido por ele pode ser comparado ao que vivemos hoje. Somos um povo preso em um mundo com o qual não nos identificamos. Todas as coisas são definidas a partir de um conjunto de valores com o qual não concordamos. Porém, muitos de nós estamos se amoldando a este novo padrão e gostando mais do cativeiro do que da terra que verdadeiramente nos pertence. Alguns estão tão envolvidos com esta terra estranha que já não querem sair dela, não sabem porque estão aqui, de onde vieram e nem para onde vão. Em meio a esta terra tão diferente dos nossos princípios só conseguiremos resistir se compreendermos e seguirmos o exemplo de Daniel. A mais importante decisão que ele tomou está descrita no livro de Daniel no capítulo 1 logo no início do versículo 8: “Resolveu Daniel, firmemente, não se contaminar”. Esta foi a maior decisão de Daniel, todas as outras foram conseqüência direta desta. Este é um dos maiores exemplos de uma decisão vital. A decisão de permanecer firme aos seus princípios trouxe conseqüências eternas. Na cena descrita neste capítulo esperava-se que esta decisão trouxesse sérios problemas a Daniel. Porém, sua demonstração prática de fidelidade resultou na ação de Deus em seu favor. A fidelidade não pode ser apenas de palavras, Deus pode testar até que ponto vai nossa fidelidade. Este livro mostra uma série de situações extremas impostas a Daniel onde a decisão de não se contaminar foi posta a prova. Em todas elas ele permaneceu firme à sua decisão vital e em todas Deus agiu com fidelidade.
A decisão de “não se contaminar” permitiu a Daniel resistir a todas as solicitações da vida. Hoje em dia nossa postura tem sido muito “diplomática” com este mundo. Experimentar é a palavra de ordem e, sinceramente, dificilmente resistimos a ela. Hoje temos poucos exemplos de pessoas que compreendem que não são deste mundo e estas poucas se destacam, ou melhor, elas brilham como um farol em meio a escuridão. A grande maioria está comprometida demais com este mundo para poder experimentar a boa, perfeita e agradável vontade Deus. Pense e responda a seguinte pergunta: Quantas pessoas você conhece que decidiram firmemente não se contaminar (Dan. 1:8), que se põem de joelhos três vezes ao dia para orar e dar graças a Deus (Dan. 6:10) e que jejuam (Dan. 9:3 e 10:3)? Daniel era fiel em todas estas coisas e, por isso, foi tão reconhecido e respeitado pelos reis daquele período. Esta regra tão antiga utilizada por Daniel e tanto outros, ainda funciona. Experimente tomar a mesma decisão vital de Daniel e perceba o quanto as coisas vão mudar através de sua vida.
Se permanecermos fiéis, decididos a não nos contaminarmos, ouviremos ao fim o mesmo que foi dito a Daniel: “Tu, porém, segue teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber tua herança”.
Gilmar
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