quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Século 21: Ilusão ou Realidade?

         Atualmente vivemos em uma ilusão ou em uma realidade? Que a realidade existe é um fato incontestável, porém, às vezes parecemos ignorá-la.

Através dos séculos o a raça humana tem ignorado e se afastado dos seus mais básicos conceitos. Aquilo que conhecemos como sociedade está aos poucos se acabando e se continuar nesse ritmo não haverá mais sociedade no próximo século.

O egocentrismo hoje é algo dominante. Se eu estou bem, então está tudo bem. Talvez eu até ajude um vizinho a empurrar o carro enguiçado, mas ajudar a alguém que nunca vi é outra história, é como se eu não tivesse nada a ver com os outros. Minha responsabilidade é comigo e com os meus. Com os outros, não tenho nada a ver. A geração atual está esquecendo o que é viver em comunidade e a próxima, nem saberá o que é isso!

Morte e sangue não nos assuntam mais. Somo capazes de receber notícias de grandes desastres, e crimes e continuarmos agindo normalmente. As coisas estão tão confusas que nossos sentimentos para com a realidade agora são manifestos para aquilo que não é real. Observe o seguinte exemplo: Somos capazes de, durante o jantar, assistir na TV uma cena de um assalto ou mesmo um assassinato e não esboçarmos nenhuma reação. Seguimos com nossa refeição como se nada estivesse acontecendo. Afinal, isto é algo extremamente “natural e aceitável”. Porque eu deveria ficar triste, impressionado ou refletir sobre o fato? Se eu ao menos conhecesse a vítima. Mas se não conheço, então não importa. Por outro lado, se esta mesma cena ocorrer com o mocinho da novela das oito, ficamos tristes, choramos, desabafamos com alguém, somos, de alguma forma, afetados. Se isto acontece com você, tome cuidado! Você pode estar perdendo a noção de realidade e vivendo em uma nociva ilusão.

A atual ideologia de não ajudar ao próximo, quando aplicada em maiores proporções, nos leva a verdadeiras tragédias humanitárias. Quando extermínios e guerras civis acontecem em cima de ricos campos de Petróleo, ocorre uma mobilização mundial contra tais práticas. Quando estas mesmas guerras são na África, nada acontece! Desde 2003 mais de 400 mil pessoas foram mortas e 2 milhões tiveram que abandonar suas casas em Darfur, no Sudão. Neste caso, as mortes foram acompanhadas de estupro, torturas e coisas que nem consigo descrever. Responda com sinceridade: Você sabia disso? Rios de sangue são derramados todos os dias e não vemos nem uma nota no jornal! Sabe por quê? Porque lá não tem Petróleo, lá não tem nada! Só tem pessoas e, pessoas, neste mundo de ilusão, não valem nada!

Certa vez, estava passando próximo a uma banca de jornal quando vi uma aglomeração de pessoas. Me aproximei lentamente e percebi que todos os olhos estavam atentos para uma manchete que mostrava uma mulher atropelada. Pelo tamanho da manchete no jornal pensei que se tratava de alguma figura pública. Ao ler a notícia, descobri que se tratava de uma cena de uma novela. Isso mesmo, um atropelamento de mentira ocupou mais da metade da capa de um jornal e despertou o interesse de muitos. Até na primeira página dos jornais, a realidade está perdendo espaço para o mundo da ilusão e da fantasia. Há um interesse muito maior em saber quem estará no próximo paredão do Big Brother do que saber quem serão os próximos candidatos para as eleições que irão definir o presidente do País.

Às vezes penso que este mundo não é real.

Até os fatos reais, cobertos pela mídia, são tratados apenas para vender jornais e somar alguns pontos na audiência. Um exemplo recente foi a cobertura dada aos desabamentos provocados pelas fortes chuvas no Rio de Janeiro. Algumas semanas após o acidente, ninguém sabe de mais nada, pessoas continuam desabrigadas, completamente abandonadas e a mídia, outrora tão interessada, agora as ignora completamente.

O Brasil é conhecido internacionalmente como o país do futebol. Para isso nos mobilizamos, somos capazes de parar tudo durante uma copa do mundo. Isso é bom e saudável, mas temos que entender que uma partida de futebol jamais poderá estar acima de uma vida. Certa vez, um pastor relatou o seguinte fato, que ocorrera perto de sua casa: uma pessoa foi morta no campo de futebol na noite de sábado. No domingo pela manhã o corpo ainda estava lá e nem sinal do rabecão pra removê-lo. Muitos já haviam chegado ali pra jogar seu futebol de domingo. O tempo foi passando e o corpo lá estendido, bem no meio do campo. O povo já impaciente teve uma idéia “brilhante”: pegaram o defunto, jogaram na beira do campo e deram início ao futebol de domingo, como se nada de estranho estivesse acontecendo. Afinal, domingo é dia de futebol e nada pode impedir. Uma vida se foi e ninguém se importa. Nem respeito existe mais.

Será que este mundo está enlouquecendo? Creio que sim, vejam alguns outros argumentos:

Estamos mais interessados em abrigar os turistas que estarão aqui durante a copa do mundo e olimpíadas do que nossos cidadãos vítimas das enchentes. “Afinal, ninguém mandou morar em área de risco!”

Enaltecemos e reverenciamos os “heróis” do Big Brother enquanto nossos professores são desvalorizados.

Construímos edifícios garagem, para confortavelmente estacionarmos nossos carros enquanto pessoas como nós vivem nas ruas. “Se eles querem ter onde morar, que trabalhem e estudem!”

Gastamos fortunas para fazer uma cidade para abrigar a música enquanto as pessoas não tem onde morar. Afinal, já estava mesmo na hora de construir uma cidade para a música. Já temos boas escolas, bons hospitais, o sistema de transporte é um exemplo de eficiência, as prisões estão vazias, as estradas são boas e etc. Porque não gastar alguns milhões para fazer uma cidade para a música? Precisávamos tanto disso!

Arrecadamos milhões de reais em ligações para o Big Brother e não somos capazes de arrecadar um centavo para os famintos da África, ou mesmo do Brasil. Pra que ajudá-los? “Aquele povo só quer saber de comida! Pra quê?”

         É, estou cada vez mais convicto de que a realidade está indo embora e a ilusão está tomando conta de nossas mentes.

Sei que não podemos todos abrir mão de tudo e nos entregarmos a alguma causa humanitária. Apenas, tenho a convicção de que não podemos continuar olhando para nós mesmos, como se nada estivesse acontecendo ao redor. Hoje a sociedade está doente, clamando por uma solução. Precisamos renovar nossa mente, despertar desta ilusão e voltar para a realidade. Antes que tudo se acabe. Afinal, pessoas ainda valem mais do que coisas.

Gilmar

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento”. Rm 12:2.

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